Quando a marcha de uma criança apresenta sinais preocupantes


A forma como uma criança caminha pode oferecer sinais importantes sobre sua saúde musculoesquelética e neurológica. Em muitos casos, tropeços frequentes, andar nas pontas dos pés ou apresentar pés virados para dentro podem ser parte do desenvolvimento normal. No entanto, quando esses comportamentos persistem ou se tornam mais intensos, é essencial uma avaliação clínica.

Segundo nosso ortopedista pediátrico Dr. Saulo Zabulon, alterações persistentes na marcha podem indicar desde variações ortopédicas transitórias até condições que exigem intervenção precoce, como distúrbios neuromusculares ou desequilíbrios biomecânicos.

Principais sinais de alerta na marcha infantil

Alguns sinais que devem ser observados com atenção:

  • Tropeços frequentes e quedas repetidas, que podem sugerir desequilíbrio, atraso motor ou alterações neurológicas.

  • Manqueira ou recusa em apoiar uma das pernas, indicando dor ou desconforto (marcha antálgica).

  • Pés virados para dentro ou para fora, de forma contínua, especialmente após os 3 anos de idade.

  • Marcha nas pontas dos pés, quando habitual e persistente, pode estar relacionada a questões neuromusculares, alterações sensoriais ou rigidez muscular.

  • Marcha espástica, arrastada ou instável, que pode estar associada a condições como paralisia cerebral ou distrofias.

  • Dificuldade no equilíbrio e coordenação, manifestando-se como “marcha desajeitada” ou instável ao correr e subir escadas.

  • Atraso nos marcos motores, como não engatinhar ou não andar na idade esperada.

Importância da avaliação precoce

A identificação precoce de alterações na marcha possibilita uma abordagem mais eficaz e, muitas vezes, evita complicações a longo prazo. O diagnóstico é clínico, baseado na observação da marcha, histórico de desenvolvimento e, se necessário, exames de imagem ou encaminhamento para avaliação neurológica.

A avaliação especializada deve considerar aspectos como idade da criança, simetria dos movimentos, presença de dor, alinhamento dos membros inferiores, controle postural e histórico familiar.

Causas possíveis

As causas de alterações na marcha infantil podem ser variadas:

  • Condições ortopédicas como torsões femorais ou tibiais, pé plano, displasia do quadril

  • Alterações neuromusculares como paralisia cerebral, distrofias ou atrasos motores globais

  • Fatores mecânicos transitórios relacionados ao crescimento

  • Processos inflamatórios ou infecciosos que causam dor e alteração no padrão de apoio

Quando buscar orientação médica

Se a alteração na marcha:

  • Persiste por mais de algumas semanas

  • Está associada a dor ou desconforto

  • Apresenta piora progressiva

  • Impede a criança de realizar atividades compatíveis com sua faixa etária

É recomendada uma avaliação com um ortopedista pediátrico ou neuropediatra.

Conclusão

Observar o padrão de marcha das crianças é uma forma valiosa de acompanhar o desenvolvimento motor e identificar precocemente alterações que possam afetar sua qualidade de vida. A avaliação clínica individualizada, realizada por profissionais especializados, é essencial para esclarecer se a alteração faz parte de uma fase transitória ou se exige intervenção específica.